Com mais de 10 anos de existência, o Marvel Cinematic Universe – mais conhecido como MCU – introduziu diversos personagens e histórias cativantes. Um destes foi a espiã e vingadora, Natasha Romanoff – formalmente conhecida como Viúva Negra. Uma das pioneiras e responsáveis pelo sucesso dessa franquia.
E mesmo com toda a afeição dos fãs, Scarlett Johansson teve de esperar até 2017 para que um projeto solo fosse desenvolvido encima de seu álter ego heroico. E como se isso não bastasse, quando pronto, Viúva Negra teve de ser adiado por mais de uma vez, devido ao crescente caos de uma pandemia.
Com isso, o longa-metragem só veio a ser lançado em 9 de julho deste ano (2021), tanto nos cinemas quanto no Disney+, por meio do Premier Access (o Acesso Antecipado e pago da plataforma). Então, se ignorarmos as divergências de opinião criativa do filme, tudo pareceu estar às mil maravilhas.
Até agora. Pois nesta última quinta-feira (29), a atriz deu entrada em um processo contra a Walt Disney Company, por conta de uma quebra de contrato em questão do lançamento simultâneo de “Viúva Negra” nos cinemas e no Disney+. Quer saber melhor sobre todo este fuzuê? Então vem com o Sanatório Geek!
Quais são os motivos do processo de Scarlett Johansson?

Reportado primeiramente pelo Wall Street Journal, o processo de Scarlett Johansson foi aberto por meio do Tribunal Superior de Los Angeles, durante a tarde do dia 29 de julho. A queixa apresentada denuncia uma quebra de contrato da Disney por não seguir com uma janela de exibição de “Viúva Negra” exclusiva para os cinemas.
Isto quer dizer que a empresa não honrou com o período – que costuma durar entre 60 e 120 dias – de espera para que o filme fosse disponibilizado em sua plataforma de streaming, o Disney+. Sendo que o longa acabou tendo estreia simultânea nas telonas e no digital, por meio de uma taxa adicional chamada “Premier Access”. Algo que eles vêm testando ao longo dos últimos meses.

Os termos-chaves presentes no contrato de Johansson estiveram incertos pela primeira vez em 2019, por isso a atriz e o seu advogado recorreram a uma renegociação com a casa do camundongo. Entretanto, o processo relata que a eles não obtiveram uma resposta. Agora, especula-se que o desacordo tenha gerado um prejuízo próximo de US$ 50 milhões (R$ 254 milhões) para ela.
Na nota oficial pelo WSJ, houveram as seguintes alegações:
“Onde poderia manter as receitas para si mesma e, ao mesmo tempo, aumentar a base de assinantes da Disney+, uma forma comprovada de aumentar o preço das ações da Disney”.
“Em segundo lugar, a Disney quis desvalorizar substancialmente o acordo da Sra. Johansson e, assim, enriquecer.”
“A Disney induziu intencionalmente a Marvel a violar o acordo, sem justificativa, impedindo a senhora Johansson de obter todos os benefícios do acordo.”
Ainda, em um comunicado para a CNN Business, o advogado de Scarlett Johansson, Kasowitz Benson, proferiu mais algumas palavras de repúdio. Vejam:
“Não é nenhum segredo que a Disney está lançando filmes como Black Widow diretamente no Disney + para aumentar o número de assinantes e, assim, aumentar o preço das ações da empresa – e que está se escondendo atrás da Covid-19 como pretexto para isso.”
“Mas ignorar os contratos dos artistas responsáveis pelo sucesso de seus filmes na promoção dessa estratégia míope viola seus direitos e esperamos provar isso no tribunal.”
“Este não será certamente o último caso em que talentos de Hollywood enfrentam a Disney e deixam claro que, independentemente do que a empresa possa pretender, ela tem a obrigação legal de honrar seus contratos.”
O assunto tem gerado muitas discussões na internet, onde há uma espécie de “Guerra Civil”, com lados opostos em defesa de Johansson e da Disney. Nisso, segundo um relatório desta sexta-feira (30) do What I’m Hearing, de Matthew Belloni (ex The Hollywood Reporter), Kevin Feige tem estado no “Team Scarlett”. Confiram:
“(Feige é) um homem de empresa e não é dado a confrontos corporativos ou gritos. Mas me disseram que ele está zangado e envergonhado.
Ele pressionou a Disney contra o plano para a Viúva Negra, preferindo a exclusividade da tela grande e então, quando ‘a merda atingiu o ventilador’, o filme começou a afundar, e a equipe de Johansson ameaçou um processo. Ele queria que a Disney acertasse as coisas com ela.”


Seja o que for, Viúva Negra teve uma ótima semana de estreia e arrecadou – até o momento – cerca de US$ 319,4 milhões mundialmente (mais de 1 bilhão de reais), além de outros US$ 60 milhões por meio do Premier Access (via estimativas do Comscore). Mas, nem tudo são flores como tudo pode parecer.
Dizemos isso pois o filme também ocupa o pódio da maior queda de bilheteria no histórico da Marvel Studios, tendo tido uma queda de mais de 65% em seu segundo fim de semana em exibição. Somando isso com o fato do orçamento ter sido de US$ 200 milhões, este pode ser um dos maiores fracassos do estúdio até então (com críticas à parte).
A resposta da Disney à situação

Com tanto bafafá em apenas algumas horas do anúncio do processo, a Disney não demorou para trazer um comunicado ao público. Vindo por meio de fontes como o Deadline e Brooks Barnes (do New York Times), a resposta à situação veio como um repúdio da empresa pela “triste e lamentável” ação da atriz. Vejam:
“Não há mérito algum nessa ação. O processo é especialmente triste e angustiante em seu desrespeito insensível pelos efeitos globais horríveis e prolongados da pandemia de COVID-19.”
“o processo é especialmente triste e lamentável pelo seu desrespeito cruel pelos terríveis e prolongados efeitos globais da pandemia de Covid-19.”
“A Disney cumpriu integralmente o contrato da Sra. Johansson e, além disso, o lançamento na Disney + com o Premier Access melhorou significativamente sua capacidade de ganhar uma compensação adicional além dos US$ 20 milhões que ela recebeu até o momento.”
Um dia após isso, a empresa recebeu uma resposta em relação à sua defesa. Desta vez quem falou foi Bryan Lourd, co-presidente da CAA (Creative Artists Agency) e agente de Johansson, que contra atacou ao dizer (via THR):
“[A empresa] acusou descaradamente e falsamente a Sra. Johansson de ser insensível à pandemia global de Covid, em uma tentativa de fazê-la parecer alguém que ela e eu sei que ela não é.”
“Este processo foi movido como resultado da decisão da Disney de violar intencionalmente o contrato de Scarlett. Eles moveram deliberadamente o fluxo de receita e os lucros para o lado Disney + da empresa, deixando os parceiros artísticos e financeiros de fora de sua nova equação. É isso, puro e simples.”
“O ataque direto da Disney à sua pessoa e tudo o mais que isso implica está abaixo da empresa com a qual muitos de nós, da comunidade criativa, trabalhamos com sucesso por décadas.”
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Seja o que for, a Disney ainda mantém de pé o seu plano inicial, onde o Premier Access estará em vigor até o dia 25 de agosto, data em que “Viúva Negra” estará disponível sem custos adicionais no Disney+.
Emma Stone pode processar a Disney por ‘Cruella’

Para finalizar o assunto de hoje, é válido ressaltarmos que essa situação pode ter sido o estopim para uma onda de posicionamentos perante as últimas estratégias adotadas por streamings. Scarlett Johansson pode ter sido uma inspiração para atrizes e atores presos em casos de divergência parecidos.
E é claro, não dizemos isso sem termos uma base de sustentação, já que Matthew Belloni veio mais uma vez por meio de seu What I’m Hearing para relatar que a estrela de Cruella, Emma Stone, tem considerado a possibilidade de seguir os passos de nossa Natasha Romanoff, pelos mesmos motivos.
“Emma Stone, estrela de Cruella, está avaliando suas opções”, ele disse. Ainda, Matt aproveitou para apontar que se estiver correto, até mesmo a atriz Emily Blunt pode fazer o mesmo por conta de Jungle Cruise – que chegou aos cinemas e ao Premier Access nesta semana – já que a Disney é “notoriamente difícil de lidar“.
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Mas, por enquanto essa é apenas uma suposição do repórter. Já para ficar por dentro de quaisquer novidades oficiais e relevantes neste assunto, não deixe de sintonizar mais vezes por aqui, no Sanatório Geek!